quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O MIJO & O MACHO: MUDUS VIVANT


[Publicado na revista Meketref – nº 45 – dezembro de 2009]


O mijo e o macho & a vida e a morte

Do menininho com o short arriado pela mãe, pingulim na mão que faz pipi no meio da rua ( que gracinha! todos pensam) ao velho no asilo exalando o forte cheiro de urina ( que velho fedorento! todos pensam), o mijo faz parte da vida do macho. Do nascimento à morte. Do bebê que molha o rosto do padre no batismo ao senhor encharcado de urina pela dor do enfarto fulminante. O mijo é presente em todas as etapas das nossas trajetórias: quando criança morremos de vergonha quando fazemos na cama; moleques, fazemos o concurso de mijo à distância entre os amigos; adolescentes, mijamos na piscina com medo da tal substância que torna-a azul para o nosso constragimento ( não há comprovação científica nenhuma disso); jovens, escrevemos eufóricos e emaconhados nosso nome na areia da praia ( sempre! sempre acaba antes de conseguirmos escrever e última letra); adultos, fazemos bêbados em qualquer esquina; na meia-idade temos a tal tesão de mijo ( diz a fêmea sacaneando: aproveita! aproveita que tá duro!); velhos, temos a humilhante frada geriátrica. No leito de morte, hospitalizados, lá vem a enfermeira mal-humorada trocar a sonda que, vulneráveis, só nos resta abaixar a(s) cabeça(s).

Não há com indissociar o mijo do macho. Nos momentos mais felizes e mais tristes ele está presente. Nos momentos “felizes & tristes” também: comemorando eufórico o golaço do nosso time no Maraca, vem logo o saco de mijo estourar na nossa cabeça.

Os momentos mais constrangedores? Tá lá o mijo marcando presença. Nos momentos de alívio também: Quem, acima dos trinta anos, barriga cheia de cerveja, dormindo, não sonhou que estava mijando gostoso e acordou todo molhado? Sensação de alívio...Como a de mijar no chuveiro antes da bronha. Quem nunca fez isso?

O mijo, o macho & a manifestação sexual

Sim! O mijo interpõe-se também no sexo.

E quando, depois da foda, pau meia-bomba apontando pra privada e vem o jato duplo de mijo; um na água outro no chão. Coisa de macho.

Mas, relativo a mijo & foda, temos que ficar atentos. Por que as mulheres, quando acordamos de pau durão querendo tirar uma, podem dizer “sai pra lá sso é tesão de mijo!” e nós ,no meio da foda aceitamos que elas interrompam “porque me deu uma vontadezinha de fazer xixi!”, quando, depois do clima cortado, voltam todas eufóricas do banheiro,e o tesão foi pro bebeléu, pau molão, e elas ainda nos chamam de “broxas” ? Basta! Façam seus “xixis” antes de abrir as pernas pra nós!

Toda fêmea deve respeitar o mijo do macho.

Nunca se sinta constragido quando for dormir na casa da sogra e de madrugada te der uma vontade de mijar. Com medinho de “fazer barulho do mijo batendo na água”. Um conhecido de disse que quando acontece isso ele dá descarga ao mesmo tempo em que está mijando pra abafar o barulho. Nada disso! Mije no meio da água, fazendo o máximo de barulho possível. Mostra que é macho. Não fique com vergonha. Deixe que a sua sogra fique constrangida ao ouvir a barulheira!

O mijo, o macho & o marchand

O mijo não é só vulgaridade! É alta arte também.!- diriam as fêmeas.
Se te disserem isso, é porque estão se referindo ao polêmico urinol que o artista plástico Marcel Duchamp, com o pseudônimo de R. Mutt, em 1917, enviou para o Salão da Associação de Artistas Independentes de de Nova York.

Porra(é só uma interjeição, isso já é assunto pra outra crônica )! Alta arte é o caralho! Tendo como fonte um emboiolado conceito chamado de “ready made”, na verdade , tratou-se de um urinol comum, branco e esmaltado, comprado numa loja de construção e assim mesmo enviado ao júri. Um urinol de louça, utilizado em sanitários masculinos, com um título sugestivo de “Fontaine” (Fonte). Entretanto, a despeito do “gesto iconoclasta” de Duchamp a “Fonte” sofreu há um tempo uma depredação no Centro Pompidou, em Paris por um cara com a bexiga apertada que, revoltado, o atacou com um martelo. Não antes de dar uma boa mijada dentro.

Coisa de macho!

Há quem veja nas formas do urinol uma semelhança com as formas femininas, de modo que se pode, caso a fêmea queira insistir em rebaixar o mijo a frescas esferas intelectuais ensaie uma explicação psicanalítica ( outra frescuragem, mas proveitosa, no caso), dizendo que a fêmea tem - oriunda da tal "inveja do pênis" tem mente o membro masculino lançando urina sobre a forma feminina.

Xeque mate!

O mijo, o macho & a macheza
Como eu estava falando, o mijo nasceu pro macho. O mijo é e liberdade completa do macho, não da fêmea. Estamos em plena vantagem: mijar onde quiser: no pneu de um carro, no meio da estrada ( é, sempre passa um filho da puta num carro e grita “ô mijão”), porta de banco, moita, beira da praia.

Macho não fica em fila de porta de banheiro químico. Mija entre uma cabine e e outra.

No nosso lazer o mijo tá lá, presente. Quem não segurou o mijo, bexiga doendo de cerveja, esperando os últimos minutos da partida decisiva do se time?

O mijo & o macho & a medicina

Até na medicina o mijo é terapia: a tal urinoterapia. Uma espécie de “terapia alternativa” ou “filosofia de vida” que busca “a harmonia do corpo, da mente e do espírito através da ingestão de urina.” A prática remonta aos primórdios da história dos países orientais tendo se difundido também em culturas dos países do ocidente. Sua prática, asseveram os adeptos, previne e cura diversas doenças, existindo relatos de cura do câncer. Dizem que cientificamente, a urina não é tóxica e se compõe de 90% de água e 10% de nutrientes não absorvidos pelo corpo e hormônios.

Macho não bebe mijo. Macho bebe pra mijar para as fêmeas que curtem essa “terapia alternativa” beba nosso mijo.


O mijo, o macho & o meretrício
No sexo pervertido, há o chamado “golden shower”. Mijar em cima da mulher. Fazer ela bebê-lo. Todos os machos deviam ter a experiência de poder mijar na cara de uma mulher. Tratá-la como prostituta. Mas, antes de experimentar com a sua fêmea, vá numa profissional que entenda do assunto. Seu casamento ia por água abaixo se tentasse de cara na cara da sua esposa.

O mijo, o macho & o matrimônio
Falemos, então, de casamenteo.
“Tu já tá mijando de porta aberta!” é a senha que o sogro dá quando percebe que estamos enrolando no noivado e não casamos. Mas, não há do que esquentar a cabeça. Sogro também é macho e com certeza passou pela mesma pressão que nós. Já “mijou de porta aberta”.

Hormônio de macho é testosterona expelido pelo mijo. No chão, marcando território. Coisa antiga na vida do macho. Herança darwiniana do nosso antigo Ardipithecus ramidus, atualmente considerado o ancestral mais antigo do homem, com 4,4 milhões de anos. Simbolicamente, ainda marcamos território pelo mijo. Mostramos para as nossas fêmeas quem é que manda. Impor respeito. Impor respeito através do mijo.

Sim! Gradualmente, devemos impor o respeito às fêmeas pelo mijo sem que ela perceba. Deve-se aumetar o grau de intimidade de um namoro a partir da mijada, em sete etapas.

Siga-as:

1ª etapa mijar de porta fechada, fora da água, dando descarga ao mesmo tempo pra que o barulho não seja ouvido, levantando a tampa da privada;
2ª etapa: mijar fazendo barulho alto, tipo cavalo inteiro;
3ª etapa: mijar fazendo barulho alto tipo cavalo inteiro e não dar descarga;
4ª etapa: mijar de porta aberta fazendo barulho tipo cavalo inteiro e não dar descarga;
5ª etapa: mijar na tampa da privada de porta aberta fazendo barulho tipo cavalo inteiro e não dar descarga;
6º etapa: mijar no chão de porta aberta fazendo barulho tipo cavalo inteiro,não dar descarga e ainda peidar enquanto está mijando;
7º chegar de madrugada doidão, mijar na pia do banheiro mesmo, ir pra cama e ao acordar ver que ela, ao escovar os dentes, deixou cair a escova na pia mijada do cavalo inteiro.

Os fracos, os pau-mandados são aqueles que submetem-se aos caprichos da fêmea e deixam que elas controlem seu poder mais precioso, o mijo. Como os que são obrigados enxugar a pontinha do pau com papel higiênico – valha-me Deus - e a fêmea confere o cheiro de sabonete nas mãos pra ver “ se está bem lavadinha!”



Pior do que isso são os já derrotados que se submetem à humilhação de obedecer a ordem da fêmea e são obrigados a mijar sentados. Mijar sentado? “Mijar sentado pra não respingar na tampa da privada!”. Conheço um cara que entregou os pontos e faz isso. Um absurdo! Quase uma boiolagem!

O mijo, o macho & o manja-rola




Falando em boiolagem, há também os dessa espécie, as bichas enrustidas que tentam se infiltrar na nossa relação com o mijo. O famoso manja-rola. È aquele cara com cara de senhor distinto que, sorrateiramente, enquanto estamos no mictório público. Posiciona-se ao nosso lado e, bigodinho e olhinho de manja-rola torto, fica soslaiando fixamente nosso aparelho mijador. Coisa mais desgraçada! Aquele barbudo, cheio de neura, enrustidão, risinho no canto da boca e olhando fixamente. Tem que partir pra ignorãncia logo! Só perguntando “qual é?” e ameaçando meter a porrada que essa praga se afasta e você mija sossegado.

Desgraça mesmo é quando tem aquela porra de banheiro público de rodoviárias,como o da Rodoviária Tietê em São Paulo e a da rodoviária Belo Horizonte. Você ameaça entrar no banheiro e eles vêm aos bandos. Saem do nada, como zunbis-manja-rolas e fazem aquele corredor ao seu lado no mictório. Todos manjando. Você concentrado, bexiga doendo, ereto ( o corpo lógico!), olhando pra frente e percebendo as dezenas de olhares manja-rolas. O mijo trava na hora. A dor de travar o mijo no meio. Filha da puta do manja rola! Se você é frequentador assíduo desses lugares, ao te verem, uns até comentam com os outros “Ah...essa rola já é manjada!”.

Mas como rodoviárias são feitas pro povão, ninguém se preocupa em solucionar esse problema. Nos shoppings,repare, já inventaram a muretinha anti-manja rola. Aquela muretinha que separa um urinol do outro. O manja-rola tenta, se entorta, mas não consegue obter êxito. Bendito o engenheiro ou arquiteto que, talvez padecendo do mesmo problema de ser vítima do manja-rola, projetou esse valioso dispositivo.


Tá certo, você não é muito de ir em shoppings. Macho de verdade não freqüenta esses ambientes. Só vai quando a fêmea decide ir fazer compras.“Bem hoje nós vamos ao shopping, né?”. Quase mijamos na calça quando ouvimos essa notícia pavorosa, quase molhando o nosso futuro zerado cartão de crédito. Mas, vá lá, esse é o território delas e levá-las de vez em quando - por mais enfadonho, custoso, e chato que possa ser - nos dá o álibi para irmos para o nosso território por excelência. O território onde os machos se encontram: O botequim da esquina, o lugar onde nos sentimos mais à vontade do que na nossa própria casa.


O mijo, o macho & os outros machos

Nossa 2ª casa. Me refiro ao boteco mesmo. Aquele em que não comparece mulher nenhuma, só macho bêbado, cachaceiro, vagabundo, pé-sujo. Não bares ou restaurantes onde mulheres frequentam. Outra coisa, o que deve interessar ao macho quando vai a esses lugares com as suas respectivas fêmeas, não é aquela tal pergunta : “Por que as mulheres vão ao banheiro sempre juntas”, mas “ como deve ser um banheiro feminino com aquele monte de fêmeas de perninhas abertas fazendo seu xixizinho gostoso?

(...)

Mas, voltando ao botequim-bitaca-pé-sujo, o antro dos machos, lá é que é o lugar da galhofa, da sacaneação, de mijar à vontade, banheirinho ao lado do balcão. Dentro do banheirinho do botequim, bêbados, mijamos de longe da privada que molha sempre o chão, pro desespero do dono.

Mas há os contratempos até para os frequentadores de botecos. Nunca, nunca se deve demorar mais do que cinquenta segundos pra dar uma mijada. Cinquanta segundos, o máximo! Mais do que isso já é desrespeito. Como quando há mais de um querendo ir ao banheiro mijar, do lado de fora, e um filho da puta demora pra caralho lá dentro. Deve ser daqueles que foram adestrados a mijar sentados e não perdem o hábito. Muvuca na porta, quase porradaria. Panças cheias de cerveja, bexigas idem. Empurra-empurra, abre-se a porta e lá vão três de uma vez mijar desesperados numa privada só. Como nesse ambiente o manja-rola é o ser mais odiado da face da terra, fazemos questão de não sermos confundidos com os tais. Instrumentos na mão e olhando pra cima, propositalmente pra não dar a entender que poderiamos estar olhando as manjubas alheias. Mijamos olhando pro teto e bêbados, nem percebemos que respingamos, os três ao mesmo tempo, mijo um na perna do outro. Saímos com a calça jeans mijada, mas com a certeza de que não fomos confundidos com o desgraçado do manja-rola. Tudo pela macheza. Não esquente a cabeça se você mijou a perna toda do cachaceiro do lado. Mande-o tomar no cu. Dê uma de Pôncio Pilatos, lave as mãos.

Ahh.! Falando nisso, me lembrei de uma coisa: nunca lave as mão na pia do banheiro de boteco. É uma questão lógica: se a rapaziada acaba de mijar vai lavar as mãos, é obvio que eles pegam na torneira da pia com mãom de mijo! Aquilo tá infectado de mijo de tudo quanto é macho. Saia sem lavar as mãos e, de preferência, sem encontá-las na maçaneta. Meta a sola do sapato na maçaneta, bruto, como num filme de cowboy.

Mais uma dica: antes de entrar num banheiro fedorento e imundo de botequim, treine, ainda no balcão, quanto tempo você aguenta com a respiração presa. Treine. Aguenta 50 segundos? ( se for fumante). Então esse será exatamente o tempo que você terá pra dar a sua mijada no fétido ambiente.

Resumindo a regra básica para a mijada em banheiro de boteco: 50 segundos, abrir o zíper, mijar, fechar o zíper,não dar descarga, sacudir de qualquer jeito, não lavar as mãos, pé na porta e já sai gritando: “mais uma gelada aê ô Zé!”.

E parte pro torresmo com a Bohêmia gelada. E dá-lhe deboches de bêbados de botequim sobre o mijo. Um recorrente é quando você vai mijar e o camarada no mictório ao lado seu dispara aliviado pela sensação da bexiga esvaziando:

- Ca-ra-lho! Mijar é a melhor coisa do mundo! Não é?

Responda de bate-pronto:

- Mermão, ou sou eu que não sei mijar ou é você que não sabe fuder...

Ou quando sai outro do banheiro, e você tasca-lhe a pergunta:

- Rapaz, ao mijar cê contou quantas bolinhas de naftalina tinham no mictório?

- Eu não! Por que?

- Não contou porque tava manjando a rola dos outros né?

É. Todo macho tem pavor de ser considerado manja-rola.

O mijo, o macho & os mililitros

Outro pavor é o de pegar engarrafamento, feriadão, família no carro, e bater aquela vontade de mijar. Estrada cheia de gente, crianças e fêmeas alheias nos outros carros, sem chance de dar uma saidinha pra mijar na beira da estrada. Tem solução. É só engarrafar o mijo. Compre, antes de sair, uma garrafinha de Guaraviton e esvazie-a. Bateu a vontade no trânsito parado? Desatarraxe a tampa e mije dentro. É perfeito! Cabe a quantidade certinha de mijo e o diâmetro é perfeito pra encaixar a pontinha sem molhar o estofado do carro. A não ser que você mije mais do que 275 ml de uma só vez ou que você seja o Kid Bengala.

Se não for no trânsito, vale mijar em qualquer greta que aparecer. Exceto no meio da multidão de show de rock. Certa vez aconteceu isso comigo. Show de heavy metal. Só metaleiro nervoso na multidão. Vontade de mijar, olhei pra trás, e aquele mar de gente entre mim e o banheiro, longe pra caralho. Apelei. Tentei, no desespero, mijar no buraquinho da latinha vazia e, bêbado, o mijo não acertava de jeito nenhum. Não acertava a porra do buraquinho da latinha de cerveja. Pegava na borda e resvalava o no braço do metaleiro marombado do meu lado. Só me lembro de acordar todo mijado e com o lho roxo no estacionamento do show.

Estacionamento de show é o melhor lugar pra se mijar. Entre no estacionamento e mije em qualquer lugar. Na primeira roda de pneu do carro importado que você inveja. Mas coisa linda é ver mulheres mijando em estacionamento. Fazem aquela rodinha pra protegem a amiga, mas você manja-xota profissional, dá um jeito de vê-la chegando a calcinha pro lado, o barulhinho fininho do esguicho, o gemidinho, as amigas tentando fazer paredinha, o buraquinho que fica na terra fofa, coisa fofa, fofa...

Pronto! O pau endurece e o mijo trava!

O mijo, o macho & a mulher-macho


Falando em trava, já viu coisa mais estranha do que traveco mijando em banheiro masculino. Esquisitão. De ver quase que também trava o mijo ( de paumolescência, diga-se de passagem.)

Mas como macho, admito, já travei o mijo vendo uma mulher mijar. Sim, eu dando o meu mijão sossegado num botequim, daqueles sem privada, só o mictório de alumínio, fedorento, quando pra minha surpresa, entrou uma negona sapatão, levantou a saia meteu um pé acima do mictório, o outro fincado no chão, acertou a calcinha ( ou cueca, sei lá!) e jorrou o mijão, estalando, tremendo o alumínio do pobre mictório envelhecido, olhando desafiadoramente pra minha cara enquanto eu mijava pingos humildes. Admiti! Pelo barulhão ela era mais macho do que eu. Intimidou. Recolhi-me à minha insignificância, aproveitei e saí de fininho.

O que deve interessar ao macho, não é aquela tal pergunta : “Por que as mulheres vão ao banheiro sempre juntas”, mas “ como deve ser um banheiro feminino com aquele monte de fêmeas de perninhas abertas fazendo seu xixizinho gostoso?

O mijo, o macho & o maricas

Bem...ia terminando e quase ia me esquecendo de contar uma das coisas mais estranhas sobre o mijo que aconteceu na minha vida. Com um indivíduo que era um misto de macho, criança, fêmea, e manja-rola. Refiro-me ao Jorgete.

Jorgete foi um(a) companheiro(a) de trabalho quando eu exercia, há vinte anos, a função de office-boy num escritório de contabilidade. Jorgete era contabilista chefe no escritório. Ele(a) era era uma espécie de transexual ultra-excêntrico.Pessoa estranhíssima: mantinha a idumentária sóbria que a profissão pedia: camisa social, blaser cinza, sapatos de mocassim e jeans, barba cerrada, gogó, bigodinho fininho... Mas, escondidos sob aquela sisudez pseudo-macho-contabilística, estavam lá, sem poder esconder totalmente, os peitinhos siliconados e a cintura de pilão. Mas até aí, por mais incrivel que possa parecer, tudo bem. Havia, de verdade, algo que intrigava todos do escritório. Como ninguém tinha coragem de perguntar, houve um maldito sorteio pelo palitinho. Adivinhem quem foi o infeliz que teve que ir fazer a bizarra pergunta pro Jorgete? O próprio que vos escreve.

Pé ante pé, dirigi-me à sua sala e mandei na lata do chefe-traveco da repartição:

- Jorgete. A parada é a seguinte: a rapaziada daqui do escritório sempre ficou bolada com essa parada de você se vestir de macho e coisa e tal e ser fêmea ao mesmo tempo. Mas a pergunta é a seguinte: mesmo se vestindo de mecho e tal, como é que você consegue fazer com que a sua calça jeans fique com essa testa de morde-pano, tipo de mulher, sem volume nenhum. Porra, cê arrancou os bago cara? É operado?

-Atrevidinho você einh?

- Ahh..Porra, me fudi lá no palitinho e tive que vir aqui perguntar essa merda senão a rapaziada ia me fuder. Os caras iam me botar pra fazer entrega e cobrança só em lugar longe e iam me tacar em fila de banco. Tive que vir.

-Não sou operada não.

-Como assim? Mas e os bago?

- Uso um truquezinho.

-Tipo mágico? Esconde cobra?

-Ahn?

Jorgete, o chefão, não gostou muito da brincadeira.

- Mais ou menos isso.

- Como assim mais ou menos?

- Emplastro sabiá.

-Como assim? Essa merda não é aquele band-aid gigante, ultra adesivo, que a minha vó bota no bico-de-papagaio dela?

- É. Só que eu coloco em outro lugar.

- Como assim?

- Quer saber? Todo mundo do escritório quer saber mesmo? Então vai lá contar para aquela vcambada de curiosos.

- Contar o que?

- Pego o meu pênis e a bolsa escrotal, empurro por entre as pernas e prendo pra trás colando com o emplastro-sabia. Daí eu ficar sem volume nenhum.

Me deu uma uma agonia pensar naquilo.

-Mas não dói não? O saco e o pau ficarem espremidos entre as pernas.

-Dói a bexiga, mas vale a pena. Me torna a fêmea que realmente sou.

- Porra e pra mijar cara? Tem que colar e descolar essa merda o toda vez que você vai tirar a água do joelho?

- Não.

-Não como assim?

- Tô adorando você ficar repetindo esse “Como assim..., “”Como assim...”

-Como assim?

-Ah..Deixa pra lá, você fingiu que não entendeu o trocadilho...

- Tá, mas o mijo?

-Eu não faço xixi.

- Não mija?

- Não?

- Fica o dia inteiro sem mijar?

- Sim! Não bebo água nem líquidos durante o dia. Quando dá vontade, seguro o dia inteiro.Só vou ao banheiro à noite, tiro a calcinha e o emplastro e faço xixi antes do banho.

-Não mija o dia inteiro?

-Não!

Essa foi a última gota! Um sacudo que não mija!

Dica final: quando for mijar não precisa sacudir antes de guardar. A última gota vai ser sempre da cueca.

Portanto, amigos, vou-me já e volto já!

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Por Olavo Sader

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

DEVORA-ME OU TE DECIFRO ou SEM REI NEM ROCK : uma análise literário-escatológica



Sempre tive o desejo de escrever sobre os piores livros que li. Tem tanta gente boa escrevendo sobre bons livros que pensei em inaugurar a linhagem dos caras maus que escrevem sobre livros mal escritos. Os de rock sempre foram, nesse critério, os mais propícios a receberem criticas destrutivas. Com trocadilho, são de lascar.

Arthur Dapieve e seu BROCK e o Tom Leão com o HEAVY METAL  estão entre os que mais me encantam e estimulam a vontade de descer a lenha. Mas jamais havia experimentado a urgência que senti  ao ler (sic) ESPORRO, livro de Leonardo Panço sobre o underground carioca que vai do “começo de 1992, até o final de 93, chegando ao comecinho de 94”.

É o único livro (sic) da história da literatura, que conheço, errado, literalmente, da primeira a última frase. Inicia com esse primor de precisão temporal transcrito acima e se encerra com “as infos a seguir não são exatamente precisas (...)”.

Curioso que, como diz o autor, tenho sido “ gasta uma verba” (pág. 223) para se imprimir uma porcaria dessas.




O  tempo todo há um desencontro entre o pensamento (sic) do autor e o que este escreve. Vai cada um para um lado, sem a menor possibilidade de encontro.

Não tenho saco para dissecá-lo, mas transcrevo, ao acaso, alguns trechos bastante ilustrativos da arte ( arteiro que só ele!) do garoto.

Na página 11 está escrito que "Este livro não é uma ciência exata." Existe algum livro que seja ciência? Nunca ouvi falar que um livro fosse ciência. Conheço livros que descrevem uma ciência, mas nenhum que seja em si mesmo A ciência. Essa jóia do penççamento panceiro está na primeira página do livro.

Também nos diz o macanudo autor que "(...) o número de pagantes foi maior do que o necessário". Isso está escrito na página 23. Nunca, até me deparar com esse livro tão repleto de ineditismos, tinha ouvido falar em número de pagantes MAIOR que o necessário. Mais incompreensível se torna a frase quando verificamos que a informação é passada para descrever um prejuízo.

Na pág. 31 o autor escreve que "Segundo ele (Ronaldo Chorão) a banda  (Gangrena Gasosa) ( ...) toca(r) muito mal. Há controvérsias. Eles até tocam mal (...)"  Qual é a controvérsia se os dois CONCORDAM que a banda toca mal? Esse Leonardo Panço é um prodígio, pois desconhecendo gramática, sintaxe e léxico escreve e, ousadia das ousadias, publica um livro. Anote aí: CONTROvérsia indica oposição, é contra o que se diz, menino. Exemplificando: Leozinho diz que sorvete é bom para chupar. Gordinho diz que é bom para lamber. Há, aí, entre essas personagens fictícias, uma controvérsia sobre a melhor forma de saborear um sorvete. Entendeu?

Pág. 32 "Como o Cid conheceu o Paulão (...) por muito tempo já é mais a cara deles".???? A frase é essa.  Há uns parênteses ali no meio. Mas parênteses são empregados, ou deveriam ser, para se incluir informação paralela, ou seja, que não fazem parte da oração principal. No entanto, para não dizerem que estou de má fé, segue a frase com os parênteses tal qual está no livro. "Como o Cid conheceu o Paulão (o outro vocalista da Gangrena, depois do Funk Fuckers e da carreira solo do B. Negão) por muito tempo já é mais a cara deles". Viram como não ajuda nada?

Sobre a utilização dos parênteses pelo meninote ainda escreverei um texto inteiro. É caso para camisa de força!

"Só que já que falou mal teve que aturar a revolta dos suburbanos de plantão (o que acabou nem sendo uma REGRA, já que o Planet e o Cabeça tocaram no festival e alguns deles são da zona sul". (pág. 58) É ou não uma regra? Se há uma regra, essa seria que os suburbanos ficaram revoltados, logo a exceção é que alguns suburbanos NÃO tiveram o mesmo sentimento. Os caras da zona sul não tem nada a ver com os suburbanos da regra descrita. Não sabe o que é regra. Não sabe o que é exceção.

Pág. 66 "(...) Plebe, era quase uma unanimidade". Quase unanimidade é algo como meio grávida?

Na página 74 o autor fala sobre um "(...) festival que meio que aconteceu, meio que não." Aconteceu ou não, afinal?

Somos informados sobre o fato do Beach Lizards "tocar em português"??????? Não faço a menor idéia do que possa ser TOCAR em português, inglês, alemão ... E não venham me dizer que é piada, gracejo, leveza e bom humor do texto, pois o contexto não autoriza nenhum leitura nessa linha, apenas a que detecta o quadro inconteste de analfabetismo.

Ao comentar o fim do Soutien Xiita (pág. 140) o autor diz que o referido encerramento das atividades da banda foi matéria de página inteira na revista Showbizz. Na página 141 é reproduzida a matéria citada. Ocorre que o que foi publicado na Showbizz é sobre a Gangrena Gasosa, não sobre o Soutien Xiita.  Ou ele não leu o que foi publicado, ou acreditou que ninguém leria o que foi escrito nas páginas da Showbizz. Não acho que ele tenha tentado empurrar uma mentira aos seus leitores. Para mim é só burrice. Afinal, até mesmo para o penççamento panceiro, seria ingenuidade demais mentir e expor a prova da mentira.

Outra frase surreal é "Por ele ser meio  temporão, seus pais são bem mais velhos (...)" Como assim?!? Meio temporão?  Os pais do rapaz tinham 45 anos e 05 meses de idade? Há pais mais novos que os filhos?

Incompreensível para mim é "De outra vez, também no Garage, arrumaram um cabrito emprestado na favela perto da casa e um ganso, que era vigia da oficina de um tio de um vizinho." (pág. 156) Favela perto de que casa? O ganso era o vigia? Tio do vizinho de quem?

Mais uma "No começo, eles até tinham guitarra, mas é uma época da qual só FICOU  O BAIXISTA Zé Felipe. Baixista não, guitarrista. E agora, sendo ex-Zumbi, a banda está igual ao Napalm Death, SEM NENHUM INTEGRANTE ORIGINAL na formação." (pág. 163) O baixista (ou guitarrista, não entendi direito) faz ou não parte da formação atual?

Outra "Bruno (...) guarda em casa o parentesco do irmão." (pág. 165) Existe quem não seja parente do próprio irmão????

Pág. 178 "(...)antes de morrer pediu a (...)". Só dá para pedir antes de morrer, não é?

Vários capítulos curtos tem títulos que NÃO GUARDAM RELAÇÃO ALGUMA com os seus conteúdos. Por exemplo,  DEFALLA NO CIRCO (pág. 189) fala sobre um degrau "colocado" na base do palco e que causava acidentes. Se alguém tiver a intenção de fazer uma pesquisa sobre o DeFalla, ao consultar o livro, e for conferir o contéudo, certamente irá se decepcionar. Para pesquisa o livro é imprestável.

A seguinte passagem também é ininteligível. Senão, vejamos. "A Sociedade HQ (...) e o gibi do Tirica - chamou a banda para tocar (...)" Um gibi chamou a banda para tocar?

Por tudo o que restou dito acima (muito mais poderia ser falado)  não posso concordar que “ o que de mais relevante aconteceu no cenário da época está, senão esmiuçado, pelo menos citado”. Muito menos que o que ocorreu está “satisfatoriamente” retratado, como escreveu o senhor Adelvan ( http://escarronapalm.blogspot.com/2011/10/leonardo-panco-testemunha-ocular-da.html ), pois o autor  do Esporro não possui a menor intimidade com a inculta e bela.

Aliás, sobre a crítica do senhor Adelvan, sendo este escriba espada juramentado, não havia a menor  possibilidade de que eu concordasse com uma análise que inicia exaltando o cheiro do Esporro,  exalado por um livro (sic) grande e grosso.

Enfim, para mim é o pior livro escrito em língua portuguesa. Se duvidar o pior escrito em qualquer língua, viva ou morta.

Feliz 2012 para todos. Menos para o Leonardo Panço.

Cordiais saudações.

Emir de Carvalho

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P.S. Panço, você sabe por que motivo esse cocô é redondo?


P.S.2 Esporro é uma espécie de puta falta de sacanagem. Lembram do vídeo?

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DAS BIBLIOTECAS

Considerando a vitória certa da candidata Dilma, nós do Baixaréis em Baixaria, em razão do enorme sucesso do livro “Lula é Minha Anta”, do jornalista e colunista da revista Veja Diogo Mainardi, sugerimos ao nosso mandatário-maior um título para um livro escrito por este, em represária à detratora obra do referido jornalista.

Só não nos propomos ser os copidesquestes, já que não nos consideramos à altura desta obra magna.

Os Bacharéis.



segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Manifesto de fundação do PSAC do B


Momento de profunda concentração durante a elaboração do Manifesto no boteco Cospe Fino. Concentração no copo de cachaça

Considerando a nova interpretação dada a lei 9.504 de 1997 pelo TSE os signatários do presente manifesto passam a tecer os seguintes apontamentos:




1 - Não sendo possível, como de fato não o é, produzir qualquer piada, sátira ou ironia contra os próceres da política nacional – com o que, ressaltamos, estamos em total acordo – , sob pena de multa, impôs-se a sociedade brasileira a seguinte questão: sendo os humoristas profissionais uma minoria estes necessitam (como os negros, os gays, as mulheres, os deficientes físicos etc etc) proteção especial e garantias para exercer livremente seu ofício, por mais desagradável que o seja.



2 – Se criaturas insignificantes, v.g. arara azul e sindicalistas, possuem um partido político para representar seus interesses, por que esses seres desagradáveis, conhecidos como humoristas, não podem também eles contar com um partido para chamar de seu?



3 – Foi pensando nisso que nos reunimos para fundar o PSAC do B – Partido Sacaneável do Brasil, o qual se compromete desde já a, contrariando a regra dos demais partidos políticos brasileiros, só apresentar candidatos que não poderão ser levados a sério, sendo, ipso facto, altamente sacaneáveis.



4 – Para alcançar tal desiderato, lutaremos para transversalizar horizontalmente por todo o Brasil o PAG – Programa de Aceleração da Galhofa, cujas linhas mestras resumiremos sucintamente abaixo:



4.a. – Somente aceitaremos como oradores portadores de aderência congênita da língua ao assoalho da boca ou abóbada palatina, fenômeno conhecido como anciloglossia, que o vulgo chama de língua presa;



4.b. – Nossos representantes, seja no Congresso Nacional, nas diversas Assembléias e Câmaras Legislativas ou nos cargos executivos que ocuparem, ao discursarem escabicharão a língua portuguesa, com denodo, para provocar o aperfeiçoamento da qualidade democrática da nossa massa encefálica, por meio de frases sem sentido como esta;



4.c. – Os Sacanagistas, quando idosos, manterão seus bigodes impecavelmente pretíssimos e cabeleiras (sic) idem. Aceitando-se, para as cabeleiras, e somente para essas, a variação acaju;



4.d. – Toda e qualquer doação partidária, preferencialmente a não contabilizada, será transportada em cuecas, o que, além de permitir um contato mais íntimo do Sacanagista com a verba do otário, rectius eleitor-contribuinte, ainda poderá proporcionar cenas e explicações hilárias se eventualmente flagrados;



4.e. – Não deixaremos de participar de convescotes com socialites onde declararemos de forma inequívoca nossas convicções a favor da manutenção do status quo mesmo que tenhamos saído de um encontro com grupelhos revolucionários que pregam a invasão de terras produtivas, que receberam nosso integral apoio, sem qualquer preocupação com o fato de ambos os encontros terem sido registrados pela imprensa. E muitos outros atos de mesma natureza serão praticados, sempre tendo em vista a realização da nossa meta de, proporcionando matéria prima para os humoristas, acalmá-los, contribuindo assim para a tão sonhada paz social, pois um verdadeiro Sacanagista nunca faz nada de graça, melhor dizendo, sem que seu ato seja revestido do mais nobre simbolismo e intenção como soe ocorrer com os nossos melhores representantes em Brasília.



5 – Como restou claramente descrito no item e sub-itens acima o verdadeiro Sacanagista não poupará esforços em proporcionar a classe humorística matéria prima para continuar divertindo o bravo povo brasileiro, enquanto os impolutos políticos brasileiros, referimo-nos aos não-Sacanagistas, continuarão propiciando aos brasileiros e brasileiras & companheiros e companheiras os mais belos exemplos de lisura e ética no trato coisa púbica, rectius pública, livres da importunação dos humoristas.



6 – Acreditando que o brasileiro é bob... ops, bondoso o suficiente para entender a relevância e seriedade da nossa proposta, eivada das mais nobres intenções conclamamos todos a unirem-se a nós, contribuindo para a nossa campanha, filiando-se e pagando a taxa de adesão, ajudando-nos a, em breve, desembarcar em Brasília, se não em vôo fretado de jato particular ao menos de primeira classe, tudo isso, claro, pago pelo erário.





Em tempo: você que simpatizou com as propostas do Movimento Sacanagista Nacional pode colaborar com a nossa campanha adquirindo o cd com o hino do PSAC do B interpretado pela cantora Vanusa.



Filie-se já: lxndrcoimbra51@gmail.com

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Quando idealizamos essa bagaça, nunca imaginamos que alcançaríamos, em menos de três anos de existência deste ignóbil blog, a marca de quase 180 mil visitas. Quando nos reunimos no nosso QG            ( o boteco “Cospe Fino”) para dar início ao blog Bacharéis em Baixaria, determinamos que seria de suma importância que não fugíssemos do tema que nos é mais caro: sexo & política. Ou seja: putaria.




No ano de 2009,começamos a receber ameaças da patrulha “politicamente correta”, quando tratávamos de assuntos que “os ofendiam”. Fizemos o que qualquer acadêmico da baixaria faria. Mandamos um “Fodam-se!”



O tempo foi passando, e fomos postando quinzenalmente os textos, em sua maioria tratando do mais baixo nível do que nós, bacharéis, julgávamos em baixaria: a polítitica(gem) nessa nossa terra brasilis.



Qual foi a nossa primeira surpresa quando soubemos da restrição imposta pelo TSE às emissoras de rádio e televisão vetando qualquer piada que degrade ou ridicularize candidato, partido político ou coligação.



O Bacharéis em Baixaria não é rádio e televisão.Não somos humoristas profissionais. Na verdade, nem humoristas e muito menos profissionais, mas, dadas as circunstâncias aterradoras, nos vimos acuados diante dessa arbitrariedade inconstitucional, que fere a liberdade de expressão. Reunimo-nos, nós da redação (sic) do Baixaréis em Baixaria novamente lá no boteco “Cospe Fino” e chegamos a conclusão de que se essa lei se estendesse para os blogs e sites, estaríamos fudidos.



Entre a postagem “Simplismo sem cérebro ou a letra de Tortura da Dorsal Atlântica” de 13 de dezembro de 2008 e a “Brasileiras e Brasileiros” de 28 de maio de 2010, vimos que havíamos postado vários textos tratando exclusivamente do tema política e seus sacanas personagens.



Relendo os textos já cientes da nova sacanagem preparada em Brasília, percebemos que havíamos pegado muito leve com os políticos e a política nacional. Resolvemos então retirar todos os textos diretamente ligados a política, reescrevê-los, e, a medida que for possível, ir postando numa versão expandida e sem cortes.



A luta continua!

sábado, 21 de agosto de 2010

"Ô MOÇO...ME DÊ U'A CARIDADE..."

Época de eleições. Do povo fazer merda e os eleitos darem continuidade. Urge apresentarmos uma merda de um texto de um merda de um blogueiro que, por acaso, é um dos membros ( são dois,e não entra mais nenhum) deste tosco blog feito a quatro patas. Atende, o sujeitinho nesta carreira (sub)solo, pela alcunha de O MERDA FRACASSADO.


Dá, por caridade, uma lidinha lá na merda do texto,que ele tá implorando aqui na redação - leia-se: qualquer lan house dessas plagas - do Bacharéis em Baixaria, já que o tal blog agoniza e morre por visitas.

http://autobiografiadeummerda.blogspot.com/2009/01/candidato-vereador-fracassado.html

ou sigam o menino no twitter:

www.twitter.com/fracassado

Por Emir de Carvalho ou Olavo Sader ( vá saber...)

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Brasileiras e Brasileiros


Em matéria publicada no Estadão no início de abril fomos informados que o Brasil poderá reviver a inesquecível experiência de ter na presidência o eminente senador da república pelo Amapá José Ribamar Sarney. Se ocorrer será para evitar que os outros habilitados à substituição do Presidente da República se tornem inelegíveis neste ano.

Lendo isso me lembrei do “brasileiras e brasileiros”, muitíssimo superior ao inefável “nunca antes na história deste país”. Sei que é covardia a comparação, pois o primeiro bordão foi cunhado por um exímio estilista da língua portuguesa, cujo manejo só encontra rival em Antônio Vieira, Machado de Assis e quejandos, o grande acadêmico e imortal chamado de gênio por Millôr Fernandes[1], enquanto o outro é obra de um simples filho de mãe que nasceu analfabeta[2].

No entanto, por mais tentador que seja a possibilidade de se entregar a prazerosa hermenêutica da obra literária do macanudo escritor, é na obra política deste grande vulto da história brasileira que vemos o quanto este homem é indispensável ao novo Brasil que está sendo construido.

Os que possuem mais de 40 anos conhecem a capacidade administrativa do capadócio senador. Se não foi um pascácio no palácio, fez muitos de palhaço. Até hoje me lembro de um primo idiota, com um crachá de fiscal do Sarney, nas Casas da Banha, gritando “Sunab! Sunab!” balançando uma tabela com o preço do feijão enquanto os seguranças tentavam “acalmá-lo!”. Cena digna do realismo mágico praticado pelo dublê de político e escritor. Sob a coordenação do Sarney vivíamos um ambiente surreal, com happenings e intervenções urbanas como essa ocorrendo a todo momento. Zé Celso não faria melhor.

Infelizmente foram só cinco anos presidindo o Brasil, razão pela qual não podemos desfrutar de todos os benefícios proporcionado aos maranhenses pelo insigne senador amapaense.

Analisar, com isenção e objetividade, a obra política do generoso senador[3] naquele estado é compreender a grandiosidade do seu projeto, cuja a qualificação só pode ser, revolucionário. Jornalistas e cientistas políticos soi disant preparados para o debate de questões políticas vivem apontando fisiologismo na aproximação do Partido dos Trabalhadores com bravo e combativo senador, alvo constante de difamadores e agentes a serviço de interesses escusos. A aproximação é ideológica e programática conforme provaremos abaixo.

Lula, esse grande animal político, sabendo que a tomada de consciência geral dos trabalhadores não se dá espontaneamente sacou antes de todos o projeto humanista-revolucionário, voltado para a construção de uma sociedade igualitária e de uma democracia socialista está sendo levado a cabo há décadas no Maranhão sob a orientação abnegado patriarca da família Sarney. Se não, vejamos:

Homem ilustrado que é, o chefe do clã, depois de estudar profundamente os grandes teóricos do socialismo chegou a mesma conclusão a que chegariam muitos anos depois grandes vultos do pensamento revolucionário tupiniquim como Vicentinho, Emir Sader, Paulinho da Força Sindical, José Genoíno, Ziraldo, Delúbio Soares, Marilena Chauí et caterva: para o Brasil se tornar um paraíso é preciso acabar com a sociedade de classes.

Pensou (!) o menino Sarney com seus bigodes ainda não tão pretos, quanto os exibidos quando presidente da república: “construir uma nação que dê oportunidades iguais a todos e prover toda a população dos serviços essenciais é muito difícil, já instituir uma nação igualitariamente miserável é mole pros piratas”[4]

Desde 1966, quando se elegeu governador do Maranhão, filhos e aliados do senador José Sarney dominam a política local, sem perder de vista o norte moral. O José Reinaldo, que se tornou adversário dos Sarney, foi eleito em 2002 pela coligação “Juntos pelo Maranhão”, cujos candidatos a senador eram os honradíssimos Edson Lobão e Roseana Sarney. E o governador Jackson Lago não esquentou o banco. Foi logo mandado para o chaveiro pelo TSE, sendo substituído pela governadora Roseana Sarney.

Foi por conta dessa velha hegemonia moral e política[5] que o Maranhão, pelo menos até 2005, possuía 73 entre os 100 municípios mais pobres do país, 29 entre os 100 com pior IDH, 23,24% de casas com paredes não duráveis, o que garantia o primeiríssimo lugar nesses quesitos. Amargava um terceiro lugar como estado mais escuro do país e maior número de analfabetos[6].

Já em 2007 o Maranhão apresentava segunda maior taxa de mortalidade infantil do país, segunda menor expectativa de vida entre os brasileiros, além da espetacular taxa de 43% de domicílios urbanos com renda per capita de até meio salário mínimo.

Este ano teremos novos dados do IBGE para conferir o atual estado da work in progress do José Sarney.

Não tenho dúvidas que o Maranhão marcará novos e expressivos tentos nessa partida em que o estado dá de goleada nos demais membros da federação, graças ao abnegado esforço do senador Sarney & família.

De nossa parte só esperamos que os bravos povos do Maranhão e Amapá não abandonem José Sarney quando chamados a comparecer nas urnas para renovarem sua confiança no senador, permitindo ao mesmo dar continuidade ao brilhante trabalho desenvolvido ao longo dos anos. E espero também que venha se confirmar a posse, ainda que temporária, do
Senador para que possamos avançar um pouco em nível nacional rumo a tão sonhada sociedade igualitária brasileira.

Sem dúvida alguma o Brasil saberá receber de braços abertos a volta de José Sarney à Presidência da República, afinal ele “não é um cidadão comum”.

P.S. Para demonstrar o quanto o imortal da Academia Brasileira de Letras não descansa um só minuto quando o assunto é manter o Maranhão no rumo traçado lá nos idos de 1966, basta dizer que em 2005 o então governador José Reinaldo Tavares num ato impensado firmou um convênio com o Bird de US$ 30 milhões para programas de geração de renda, o que teria como consequência lógica a formação de uma reprovável sociedade capitalista e competitiva, não mais dependente de bolsas famílias e que tais. Para impedir que esse desvairado projeto fosse a frente o probo José Sarney mobilizou todas suas forças para vetar o projeto no Senado. Nem mesmo a proposta de retornar o pagamento de R$ 700.000,00 mensais ao grupo editorial dos Sarney amoleceu o coração do nobre senador. Contudo, ele não teve sucesso. Mas graças a Deus o dinheiro não foi bem aplicado e não surtiu nenhuma mudança na tradicional sociedade maranhense.

P.S. 1. Os caluniadores não param. Depois de fechado esse texto foi ventilado na grande mídia que o nome do José Sarney consta de uma lista de propinas do nefasto governador do Distrito Federal José Arruda. Impossível! Tenho certeza que tudo não passa da mais deslavada mentira!


Emir de Carvalho

[1] “Fascinado, continuo procurando demonstrar que Brejal dos Guajas é obra sem similar na literatura de todos os tempos. Só um gênio conseguiria fazer um livro errado da primeira a última frase.” In Critica da Razão Impura ou O Primado da Ignorância, pág. 23, 2ª ed., 2002, L&PM.

[2] Nossa equipe de reportagem apurou que a mãe do FHC veio à luz chorando em três idiomas.

[3] Várias pessoas foram empregadas por meio de atos secretos, pois o que interessa ao impoluto senador é ajudar ao próximo, não fazer publicidade do ato. Os verdadeiros justos praticam o bem pelo bem.

[4] Cuba ‘tá aí mesmo para nos provar o acerto da tese.

[5] Homenagem ao deputado paulista-cearense Ciro Gomes. Ele anda precisando de um afago.

[6] Temos um estudo em desenvolvimento no qual a literatura do senador, as teses do Erich Auerbach, especialmente Mimese, e o analfabetismo maranhense são articulados na tentativa de apreender melhor a obra sarneiana. O título provisório é “Sarney, Analfabetismo e Mimese: Um estudo de caso”.